terça-feira, 9 de agosto de 2016

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Artesanato à venda no Balaio Cultural

Conheça aqui um pouco do percurso do artesão


Por Fábio Rocha

Os obstáculos da vida o conduziram a arte, e a arte lhe devolveu a vida. João Batista da Silva trabalhou na roça o quanto pôde. Mas uma sucessão de acidentes e fraturas repentinas o tiraram do trabalho e o jogaram no auxílio saúde do INSS. Diante desta situação, Bita, como é conhecido, caiu no vício do álcool. "Me tornei alcoólatra. Via outros conhecidos que recebiam o auxílio perderem o benefício, então meu medo de ficar sem ter com o que me sustentar me levava a beber. Esse medo não passava e eu precisava beber para dormir", lamenta o artesão.

Sua história vai de uma infância dividida com mais 15 irmãos, passando por chefe de família até se separar e ver sua filha casar-se. Com a casa vazia Bita foi tomado pela solidão do dia a dia e mergulhou no excesso da bebida e do cigarro. Foi nesse momento que enfrentou as dificuldades e criou o que nunca tinha feito: artesanato. Aí, encontrou um novo sentido à vida e parou à compulsão dos vícios.

O artesão, que hoje soma mais de 100 obras à venda, diz que passa 10 horas por dia, de domingo a domingo, talhando a madeira de 2 ou 3 peças para em 3 dias concluir uma obra. Isso porque quando “esquento a cabeça com um trabalho tenho que deixar aquele e pegar outro”, depõe.

Todo a produção é manual, pois o tratamento médico para as fraturas o impede de usar ferramentas elétricas, “por isso tenho medo de levar choque”, esclarece o artesão. Então, a madeira bruta é lavrada com uma machadinha, depois trabalhada com o serrote, aí, vem as serras e por fim as facas.

Assim, aos pouco, o trabalho que faz ganha forma, sempre retratando o cotidiano rural da região, desde quando começou há 5 anos. Hoje com 48 anos, Bita mostra com orgulho numa estante, na sala de sua casa, o artesanato à venda. É o carro-de-boi, a vaquejada, o cavalo, a mulher apanhando algodão, obras representando o  Sertão e o sertanejo. “Eu me inspirei aí, porque toda vida eu trabalhei na agricultura e geralmente as coisas que eu faço é praticamente tudo aquilo que vejo na agricultura, no campo”, resume o artista que vende chaveiro a R$ 5 reais e peças mais elaboradas a R$ 80, podendo chegar a R$ 100 Reais.


A umburana é árvore rara e boa

A umburana é a matéria prima de Bita, que ressalta a dificuldade em consegui-la devido a queima desenfreada em fornos à lenha. “Mas, qualquer pedaço de madeira dá ‘mei’ mundo de peças, porque eu só trabalho com peça pequena”, salienta.

Para o artesão a umburana é boa porque é uma madeira resistente, fácil de trabalhar e não é lascadeira, ou seja, não se racha no momento em que está sendo preparada ou mesmo com o passar do tempo. Porém, Bita avisa que “é uma madeira quebradeira, quando a peça está pronta qualquer queda quebra”.

Acidentes Sucessivos

Tudo começou com uma queda de cavalo. Bita estava galopando no mato quando caiu e quebrou a perna direita. Recuperou-se um pouco e foi andar de moto, aí, caiu e quebrou o pé em quatro cantos, na mesma perna do acidente anterior. Com poucos dias que tinha retirado o gesso do pé, foi levantar às pressas dentro de casa e tornou a cair. “Estava sem as muletas, não deu outra: caí e quebrei o colo do fêmur. Todos esses acidentes em menos de dois anos. Depois disso não consigo mais andar normal”, lamenta o artista.

Venda do artesanato

Segundo Bita as lojas de artesanato querem ficar com mais de 80% do valor da obra. Por esse motivo prefere vender em sua residência.

Os interessados devem procurar a casa do Artesão que fica na Rua Benedito Manoel de Lima, número 78, na cidade de Tuparetama/ PE. CEP: 56760-000.



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